Ambição verde: startups invadem agenda empresarial na COP26
Há anos a ausência de espaços arborizados nos grandes centros urbanos tira o sono do empreendedor Wagner Machado. A solução que ele encontrou foi juntar o desejo pessoal ao interesse da população em ter mais “verde” nas cidades e fundar a Plantae Ecossistemas, uma startup que conecta pessoas comuns que desejam plantar árvores ou ceder suas calçadas para isso.
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Em essência, a Plantae se propõe a conectar pessoas que podem ser, pela nomenclatura da empresa, plantadores, financiadores ou receptores de mudas. Pelo aplicativo da startup, os usuários podem se cadastrar e doar um valor para viabilizar a doação de mudas, ceder sua calçada para o plantio ou, ainda, ser um plantador, em troca de uma comissão.
A Plantae surgiu no início de 2021, da percepção de que o real problema da arborização está nos grandes centros urbanos. “Nós queremos contribuir para o reflorestamento do Cerrado e da Amazônia, mas há também o desejo de ver os resultados da contribuição para o planeta bem ali no nosso bairro”, disse Machado, em entrevista à EXAME.
“Os parques, avenidas e canteiros são de responsabilidade do poder público, mas queremos poder fazer mais. Até porque, nós caminhamos nas calçadas dia após dia”. O projeto piloto acontece em Palmas, no Tocantins, cidade natal de Wagner e também da Plantae.
Nada é impensado por ali. A proposta é usar os planos de arborização de cada cidade (especialmente capitais) para encontrar os espaços apropriados para o plantio e, ainda, as espécies adequadas de árvores para cada região.
A premissa de empoderar o cidadão comum fazendo com que ele sinta que contribui efetivamente para o meio ambiente também é o que move a Ecomilhas, startup de mobilidade “amigável ao meio ambiente”.
A empresa, fundada neste ano, funciona como um sistema de recompensas para pessoas que escolhem usar modais sustentáveis no dia a dia, como bicicletas e transporte público. Na prática, o princípio é usar o montante de “ecomilhas” acumulado ao usar esses modais para ser beneficiado com descontos e promoções em empresas parceiras, aos moldes de um sistema de milhas aéreas.
Em outra frente, a startup também permite que empresas usem a mobilidade sustentável como instrumento para compensação de carbono. Com isso, uma companhia pode se conectar com usuários da plataforma que podem encurtar o caminho para a mitigação dos gases de efeito estufa, uma dor comum para o empresariado do mundo todo. “Nossa proposta é conectar empresas que emitem carbono de mais com pessoas que emitem de menos com tecnologia blockchain e de maneira muito transparente e inovadora”, explica Lucas Nicoleti, CEO e fundador da Ecomilhas.
Trazer o poder de escolha e a sensação de dever cumprido para pessoas preocupadas com os princípios ESG (sigla para ambiental, social e de governança), porém, não é a única coincidência entre as duas empresas.
Em comum, as duas compartilham o fato de ser um exemplo de como empresas de menor porte também estão de olho na agenda verde.
Juntas, elas vão se apresentar durante a Conferência das Partes para o Clima das Nações Unidas, a COP26, que acontece neste momento em Glasgow, na Escócia. As empresas irão se apresentar na próxima sexta-feira, 5, a partir das 11h. Para acompanhar, basta acessar o link.
No grupo de 35 empresas selecionadas pelo programa de aceleração NetZero 2050, promovido pelo governo do estado de São Paulo e pelo consulado britânico, também estão as startups Endelevo e Sipremo.
As quatro startups formam um grupo de 20 empresas brasileiras escolhidas a dedo para apresentarem suas soluções e modelo de negócio para líderes, diplomatas, empresários e investidores de todo o mundo durante a COP26.
As companhias foram selecionadas para mostrarem suas soluções em quatro grandes desafios climáticos: mobilidade, redução dos gases de efeito estufa, cidades resilientes e mudança da matriz energética.
A Endelevo surgiu em 2020, em Vitória, Espírito Santo, fruto de um trabalho acadêmico de conclusão de curso. “Sabíamos que havia uma lacuna grande entre o que é criado nas universidade e o que de fato gera valor e vira um produto inovador no mercado”, diz João Vitor Freire, CEO da empresa.
A Endelevo é, nas palavras de Freire, um Lego de fachadas sustentáveis. Isso significa que a construtech está de olho em edificações mais limpas nas cidades. Os projetos da empresa contam com fachadas ventiladas, captação de energia solar e também jardins verticais em fachadas e coberturas.
Para Freire, há ainda muito espaço para tornar os canteiros de obras mais sustentáveis. “O Brasil já é o quarto país do mundo com o maior número de edificações que recebem a certificação sustentável. Mas ainda assim, as construções urbanas não são aproveitadas em seu máximo potencial “limpo”, diz.
Tirar essa intenção do papel depende do engajamento de empresas. A Endelevo atua no B2B, encontrando companhias dispostas a reconfigurar as estruturas de seus prédios comerciais ou a terem projetos sustentáveis desde a planta.
A Endelevo tem dois modelos de negócio. No primeiro deles, a startup traz uma recomendação de todos os players necessários (que são empresas parceiras) para que um prédio se torne “limpo”, em uma espécie de consultoria e marketplace.
Na lista estão instituições que concedem crédito e também equipamentos de energia como painéis e refletores. Já o segundo permite o desenvolvimento, desde o início, de um projeto de construção ou da adaptação de um prédio já existente para uma versão mais sustentável.
Com a COP, o objetivo é pavimentar o caminho para viabilizar uma terceira via de negócios: o modelo de licenciamento e franquias. A empresa também está em busca do primeiro prédio comercial, industrial, governamental ou residencial para esse projeto piloto — e espera encontrar a empresa proprietária desse prédio em Glasgow. “A nossa tecnologia vai crescer. Vamos entender como ele funciona e esse projeto será responsável por mostrar esses resultados ao mundo”, diz.
Já a Sipremo é uma plataforma tecnológica de monitoramento antecipado de desastres naturais que nasceu de dentro da Defesa Civil do estado de São Paulo. Desenvolvida pelo engenheiro mecânico Gabriel Savio, a empresa atua totalmente na nuvem com um sistema de inteligência artificial capaz de dizer onde e quando um desastre natural pode acontecer.
A solução é muito atraente para empresas que precisam considerar os efeitos das mudanças climáticas na tomada de decisões estratégicas. Um exemplo, segundo Savio, está no mercado de seguros. “Hoje aprendemos a colocar valor no que trazemos ao mercado, que é informação”, diz.
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