idwall aposta em e-sports para atrair talentos da área de tecnologia
O universo dos jogos online pode ser uma interessante porta de entrada para que pessoas construam uma carreira na área de tecnologia. Em muitos casos, os games e torneios de e-sports são os primeiros contatos de jogadores com o setor que revela verdadeiros talentos no Brasil e no mundo.
Atualmente, muitas startups têm enfrentado dificuldades para encontrar profissionais de destaque, principalmente na área de tecnologia. Diante disso, a startup de validação de identidade idwall, resolveu dialogar com a comunidade gamer para estar atenta aos talentos do meio tech.
Recentemente a idwall anunciou um patrocínio na equipe brasileira de e-sports MIBR. A parceria abrange todas as categorias em que o time compete: CS:GO masculino, CS:GO feminino e Rainbow Six. A ação é uma maneira de dialogar com profissionais qualificados do campo da tecnologia e de se aproximar do público que acompanha o universo dos jogos online.
A startup também patrocinou a edição deste ano da GC Masters Feminina 3, campeonato do jogo Counter Strike Global Offensive (CS:GO) e que ofereceu premiação de R$60 mil aos vencedores. A startup ainda será a patrocinadora oficial da Pride Cup, torneio de e-sports voltado para o público LGBTQIA+. O investimento no universo dos jogos online como incentivo como para construção de carreiras na área de tecnologia está no DNA da idwall. Lincoln Ando, CEO da startup, teve o primeiro contato com a tecnologia por meio dos games. Ainda criança, passou a desenvolver seus próprios jogos, o que fez com que se aprofundasse no conceito básico de redes, computação e programação.
Hoje a idwall é referência na área de tecnologia, responsável por automatizar os processos de cadastro e onborading, uma forma de combater fraudes em empresas. Conversamos com Yuri “Fly” Uchiyama- Diretor da equipe de e-sports MIBR e Lincoln Ando, CEO da startup idwall, sobre esse cenário e intercâmbio profissional:
EE: Ainda existe um preconceito de que o universo gamer é apenas lazer e amadorismo. Como transparecer essa profissionalização para que mentes brilhantes sejam desenvolvidas também via e-sports?
Yuri “Fly”: O mercado de games está crescendo cada vez mais, e o mercado de esports é uma fatia deste mercado de games. São os jogos que possuem um ecossistema competitivo, contando com times, jogadores, espectadores, patrocinadores e muitos outros tipos de profissionais, assim como nos esportes tradicionais. A profissionalização já existe, mas a comunicação está muito fechada dentro da comunidade que acompanha este cenário. Precisamos expor mais o que fazemos e levar nossos conteúdos para o main stream. Por exemplo, muitos atletas de e-sports possuem mais seguidores em suas redes sociais que muitos jogadores da Série A do campeonato brasileiro de futebol, mas o grande mercado não tem conhecimento disso.
Quais característica e competências são desenvolvidas que podem ser absorvidas pelo mercado de trabalho além dos e-sports?
Vejo os e-sports como uma ferramenta de desenvolvimento pessoal e profissional, assim como o Grêmio Escolar, as Atléticas, Empresas Juniores. Quando comecei a competir aos 14 anos, foi a minha primeira experiência convidando pessoas para montar uma equipe, desligando pessoas do time, criando uma rotina de treinos, como me comunicar de forma assertiva, meus primeiros esboços de plano negócios para apresentar para patrocinadores e de fato ter um objetivo claro (títulos) e dar o meu melhor para alcançá-lo. Outro ponto foi aprender a lidar com frustações, já que nem sempre vencemos. Me expor a todos estes desafios melhoraram as minhas habilidades de liderança, comunicação e resiliência. Estas características são importantes para qualquer tipo de profissional.
O caminho inverso, de profissionais que não sabem serem ótimos como jogadores de e-sports, também é possível?
No futebol, muitas pessoas querem se tornar profissionais, mas uma minoria alcança este objetivo. Neste quesito, os esportes eletrônicos são parecidos. Por isso é importante que todo aspirante a profissional reflita sobre tudo o que está aprendendo e como pode colocar isto em prática em outros tipos de trabalho que possa vir a exercer.
Quais características e competências que são desenvolvidas no e-sports que podem ser absorvidas pelo mercado de trabalho?
Lincoln Ando: Acredito que para você ser um bom jogador no e-sports, por exemplo, é necessário o desenvolvimento de habilidades que são de extrema importância para o mercado de trabalho como aprender a trabalhar em equipe e ter autonomia, resiliência e dedicação. Além disso, é comum que alguns jogadores mais curiosos acabem desenvolvendo também habilidades técnicas através dos jogos, como aprender a montar um servidor (que, dependendo do jogo, pode exigir conhecimentos de programação e banco de dados) ou aprender a montar e desmontar um computador e otimizar performance através do overclocking etc. Com o tempo, acabam buscando cursos e profissões que os ajudam a desenvolver essas habilidades.
Qual o perfil de profissionais que a idwall busca e qual a relação com os games?
Lincoln Ando: Cada vez mais se espera dos profissionais de tecnologia criatividade, bom relacionamento interpessoal e visão estratégica de negócio. O conhecimento técnico, apesar de fundamental, não é mais o bastante. Isso porque novas tecnologias trazem consigo a necessidade de mudança nos processos. Quem trabalha diretamente com elas está ainda mais exposto a essas oscilações e precisa ter uma capacidade de adaptação rápida para se ajustar às novas situações. São pessoas que não se dão por vencidas e sempre buscam uma nova descoberta que pode trazer ganhos para os sistemas em que estão inseridos. E isso tem tudo a ver com o mundo dos games. No jogo, como falei antes, precisamos desenvolver essas habilidades, então esses dois perfis andam lado a lado.
Qual a sua relação com o mundo dos games e como isso colaborou para a sua carreira? Isso tem relação com vocês patrocinarem o MIBR?
A primeira memória que tenho no mundo dos games é jogando Futebol Brasileiro 96 no Super Nintendo, em uma competição acirrada com o meu irmão. Nessa mesma época jogávamos alguns jogos (Mario e Dave) com um processador Pentium 233 MMX que rodava no MS-DOS e para conseguir jogar tivemos que aprender a rodar algumas linhas de comando.
Um pouco depois, conhecemos o vasto mundo dos games de PC como MDK, Twinsen Odyssey etc… Logo, descobrimos que também era possível construir nosso próprio jogo em um programa que chamava RPG Maker 95. O programa era pesado, demorava vários dias para baixar e muitos outros para conseguir todas as texturas necessárias, mas nada poderia parar uma criança decidida a criar seu próprio jogo de RPG! Talvez essa tenha sido a primeira faísca da minha paixão por criar coisas.
Em 2000, começaram os jogos multiplayer: Age of Empires 2, Diablo 2… e aí tive que aprender um pouco sobre conceitos básicos de redes para poder jogar em LAN. Nessa mesma época começou meu fascínio por CS. O CS 1.0, talvez o primeiro FPS (first person shooter) que joguei no computador, me exigia uma coordenação não muito usual para uma criança de 10 anos. Ali comecei a entender como funcionam os componentes em um computador.
Comecei também a me interessar por MMOrpgs, mas não me contentei apenas em jogar. Pesquisando, descobri que era possível montar o seu próprio servidor, com suas regras. Para isso, precisaríamos criar um site (para falar sobre o servidor e receber cadastros de novos jogadores) e modificar o jogo (o que envolvia aprender um pouco de programação, banco de dados e redes). Depois de estudar um pouco eu, ainda com 13 anos, montei o meu primeiro servidor! A velocidade da internet não ajudava, mas era suficiente para 15-20 players jogarem simultaneamente.
Depois de tudo isso, com 14 anos decidi que queria estudar mais sobre isso e por isso fui fazer ensino médio e técnico em uma ETEC de uma cidade vizinha, com 17 entrei na UNICAMP para fazer Análise e Desenvolvimento de Sistemas e até hoje cultivo os games como hobby (agora, finalmente, Global no CS :D).
Minhas experiências com o mundo gamer foram importantes para que eu me apaixonasse por tecnologia e criasse a idwall e a minha história tem tudo a ver com o porque hoje somos patrocinadores do MIBR. Queremos que mais pessoas, com histórias parecidas com a minha ou não, tenham o privilégio de conhecer e se apaixonar por tecnologia, e quem sabe, entender que essa experiência pode ser usada para construir suas carreiras no futuro. Estamos sempre procurando formas de exercer a nossa marca e nossos valores de maneira genuína, e apoiar a inovação e a comunidade de tecnologia é primordial para nós. Além disso, o público que hoje assiste e acompanha os jogos está, na maioria das vezes, inserido no mercado de trabalho de tecnologia e através dessa parceria queremos nos aproximar e dialogar mais com esse público.
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